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Transformar um palácio do século XIX num espaço multifuncional

A Eastbanc Portugal apresentou hoje o seu mais recente empreendimento – o Anjos Urban Palace, um palácio do século XIX que está a ser reabilitado para albergar quatro andares de escritórios, dois espaços de retalho e um espaço de restauração.

Este projecto vem dar continuidade ao trabalho da Eastbanc de revitalizar o bairro do Príncipe Real, em Lisboa, e pretende configurar-se como um espaço multifuncional. Possui um total de 3.150 metros quadrados (m2), que se dividem pelos seus espaços funcionais: dois espaços de retalho com áreas entre os 130 e os 240m2, quatro pisos de escritórios que totalizam uma área de 2000m2 e um espaço de restauração com 500m2 e cerca de 100m2 de esplanada.

O empreendimento encontra-se, neste momento, em fase de construção, com final previsto para o verão de 2025, e no início da sua fase de comercialização.

“Este é um edifício que foi adquirido pelo Banco de Portugal [em 1965], tendo anteriormente sido um edifício de família”, informou Tiago Eiró, director-executivo da Eastbanc Portugal. Quando questionado acerca do porquê da decisão de estabelecer neste edifício um espaço multifuncional, Tiago Eiró declarou: “acreditamos na reabilitação urbana, acreditamos naquele conceito, de que agora se fala muito, dos 15 minutos, em que as pessoas podem trabalhar, viver e fazer as suas compras e a sua vida à volta do bairro, e achamos que esses bairros devem ser equilibrados, portanto devem ter habitação, escritórios, lojas e todos os serviços. Portanto, achámos que aqui [no Príncipe Real] já há muita habitação e muito comércio, e faltavam-nos aqui escritórios de qualidade”.

Tendo inicialmente sido pensado para habitação, este é um projecto que se encontra em cima da mesa da Eastbanc há já algum tempo. “É um plano que começámos a desenvolver em 2006, se não falha a memória, e que consistia, sobretudo, em tentar reabilitar esta grande frente da Rua da Escola Politécnica, a partir da Faculdade de Ciências, até ao Palacete Ribeiro da Cunha”, explicou Diogo Lima, arquitecto que esteve presente em nome de Eduardo Souto de Moura, o internacionalmente reconhecido aquitecto que tem colaborado com a Eastbanc em vários projectos.

Edificado no século XIX pelo cenógrafo Giuseppe Cinatti, o edifício pertencia anteriormente ao Banco de Portugal que o “transformou. E a transformação foi de tal ordem que hoje não resta nada do edifício, a não ser a fachada principal e os dois primeiros pisos” acrescentou o arquitecto. “Uma estrutura pura e dura, que é o que está lá. Como era para o Banco de Portugal, essa estrutura está sobredimensionada; por ordem de segurança, provavelmente. Então aquilo que nós queríamos, no fundo, era tirar carga ao edifício, em que tudo é enorme e os pilares são enormes. Conseguimos tirar metade dos pilares e criar um espaço muito amplo, muito mais versátil, e no qual conseguimos ter um espaço que servirá para tudo”, esclareceu.

“Portanto, a nossa intervenção passa, então, por recuperar a fachada e crescer. Não fazer aquilo que se estava a fazer na altura, mas fazer aquilo que sempre se fez historicamente, que é quando se cresce um piso, cresce um piso mesmo. Portanto, crescemos um piso, dignificamos edifício. Na parte de trás, no fundo, adoçamos esta varanda, que depois tem uma escada, que é de emergência originalmente, mas eu penso que vai servir muito bem para todos os pisos ao longo do processo”, comentou Diogo Lima, relativamente à actuação de reabilitação no edifício.

“O que estamos a fazer agora é a manutenção não só do que existia da fachada, da imagem principal do edifício, mas também manter aquele aspecto pesado industrial que o edifício tem, agora muito mais leve; mas mantendo essa identidade”, acrescentou Fernando Miranda, responsável pela obra do Anjos Urban Palace, que salientou estar “a decorrer bastante bem, sem grandes percalços, sem atrasos também”.

“Existe sim aquilo que nós já sabíamos, que era um edifício estruturalmente ultra reforçado e, portanto, todas estas demolições ou simplificações que queremos fazer são lentas e demoradas, mas no final vai resultar numa obra muito mais elegante e muito mais aberta para o exterior. Toda esta parte do jardim de trás, da esplanada do restaurante, a vivência das janelas, cada piso tem um espaço exterior”, acrescentou.

O jardim traseiro do empreendimento é uma das suas partes fulcrais. Actualmente usado como estacionamento, este espaço vai também ser reabilitado e “um jardim novo, muito parecido com o que é o Jardim Botânico”, salientou Tiago Eiró.

“Este edifício vai ter, no fundo, a frente para o jardim principal e as traseiras aqui para o jardim botânico, com grandes vistas da cidade”, completou. O jardim funcionará como esplanada do restaurante e será de usufruto à cidade. “Queremos que seja utilizado por todos”, salientou o director-executivo da Eastbanc. “Já temos o conceito de jardim aprovado tanto pela Câmara como pela DGPC, e ele está a ser, no fundo, licenciado”, acrescentou.

Outra das apostas do Anjos Urban Palace é a sustentabilidade, fazendo este parte de uma estratégia da Eastbanc de certificação dos seus edifícios, que almejam ser cada vez mais sustentáveis. “Este edifício está num processo de certificação BREAM e tem, neste momento, uma candidatura a ser uma classificação Excellent, que é o segundo grau de classificação”, explicou Tiago Eiró. Para isto, o empreendimento possuirá amneties como um parque de estacionamento de bicicletas e balneários.

“Em Lisboa, há muitos edifícios ainda que precisam de ser mais flexíveis e mais modernos e este, seguramente, estará na ponta da vanguarda”, acrescentou o director-executivo da Eastbanc, afirmando ainda que está bastante confiante em relação à ocupação do edifício. “Sou optimista!”, exclamou.

DR Fotos: Cedidas por Eastbanc