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Tecnologia vai revolucionar a Educação

Pedro Santa-Clara, professor catedrático de Finanças na Nova SBE e partner da Shaken Not Stirred, foi o orador convidado do almoço-debate do International Club of Portugal. “A Importância da Inovação na Educação” foi o foco desta iniciativa, onde, a atestar pela sua intervenção, nomeadamente ao nível do Ensino Superior, os próximos 20 anos seguramente vão ser bem diferentes.

O evento que decorreu no dia 12 de Novembro, no DoubleTree by Hilton Hotel Lisbon – Fontana Park, começou logo com críticas a um sistema que fala muito sobre o Ensino Superior mas que, na realidade, está, “permanentemente fora da agenda”. Com isso, como afirmou, “corremos o sério risco de falhar uma oportunidade interessante para Portugal”. É que o Ensino Superior está a mudar.

E por que razão esta é, nas palavras de Pedro Santa-Clara, a “única indústria que falta revolucionar”? Porque é “avessa à mudança”. Ao que parece, “a tecnologia está a mudar a forma de aprender mais do que a de ensinar” e só com o “esforço de uma sociedade” é que é possível avançar.

O que leva à questão da “globalização”. O orador recordou que há 20 anos, Portugal foi um dos países que aderiu ao Acordo de Bolonha que trouxe a “estandardização da educação na Europa”. E lembrou que, mais recentemente, o projecto em que esteve envolvido da Nova BSE de Carcavelos, tem, actualmente, “mais de metade de alunos estrangeiros”, dos quais 40% são alemães.

Esta evolução ao nível da economia e gestão vai, seguramente, estender-se a outras áreas, como seja a Medicina. Mas para isso, “Portugal tem de arriscar”. Caso não o faça, “vai ser uma espécie de Oklahoma” em que os “alunos espertos” vão sair do seu País para ir estudar para outras geografias. Aliás, esta é uma realidade que já está a acontecer, a atestar pelo elevado número de alunos portugueses de Medicina que prefere Praga a Lisboa. Na opinião de Pedro Santa-Clara a “verdadeira guerra do futuro” vai ser a retenção de “talentos”.

A tecnologia é, pois, uma “força tectónica” que afecta o Ensino Superior pois permite “ajustar o ritmo de aprendizagem de cada aluno”, permite obter um “feedback constante”, os alunos estão “mais motivados” porque querem “resolver um problema” e fazem-no com os “colegas, parceiros”, ou seja, à uma envolvente social.

Perante estes desafios, há que “repensar a forma de aprender e ensinar”. Mais, há que perceber que o processo de aprendizagem dura “ao longo de toda a vida”. E já há universidades a fazê-lo, até as mais conservadoras como Stanford que, até 2025, vai “criar novos hubs de skills” dando primazia ao “pensamento crítico, criatividade, trabalho de grupo…”, possibilitando que “em seis anos de curso três possam ser desenvolvidos ao longo da vida”.

Pedro Santa-Clara anunciou ainda que, em 2020, irá ser lançado em Portugal a Escola 42. Trata-se de uma escola de programação que já existe em 20 cidades, entre as quais Paris, S. Francisco, S. Paulo ou Madrid, em que “os alunos não pagam propinas, não há aulas, não há professores”, trata-se de uma “plataforma gamificada” onde os “alunos aprendem uns com os outros” e onde vão sair, no final, “bons programadores e pessoas com capacidades humanas interessantes”.

Este é o futuro: “Mais do que graus académicos vai apostar-se nas pessoas”. E é disso que precisamos em Portugal “de uma escola e de uma sociedade que quer inovar”, remata Pedro Santa-Clara.

Fotos: Joaquim Morgado