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Há uma co-revolution na habitação em Portugal

O managing director da JLL, Pedro Lencastre, acredita que o coliving é um “tema que está na ordem do dia, é uma tendência e não é o flavour of the month”. Mais, defende que “Portugal acompanha as tendências” e que esta alternativa habitacional pode chegar às 18.000 camas em Lisboa e no Porto.

Tal como até há bem pouco tempo Portugal não sabia se o studing housing ia chegar ou vingar por cá, assim também não haviam certezas em relação ao coliving. Mas ambos chegaram para ficar e, ao que parece, para crescer.

Foto: Same Same Living

De acordo com o “Portugal Coliving- Follow the Trend” , o primeiro estudo desta natureza focado e com dados sobre o nosso País, desenvolvido pela JLL em parceria com a operadora Joyn, este tipo de habitação alternativo pode vir a alcançar entre 16.000 a 18.000 camas em Lisboa e no Porto. A confirmar-se, significa um crescimento de 25 vezes o actual pipeline onde existem apenas 50 camas de Coliving. Mas, conforme Maria Empis, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL, afirmou “existem 570 camas que deverão chegar ao mercado nos próximos dois anos”.

A Same Same Living que abriu portas na Baixa, em 2019, com 15 suites já se encontra “em expansão” e “deverá duplicar para outro prédio ao lado, na Rua da Madalena”, avançou António Palma, consultor do departamento de Consultoria e Research da JLL. Em operação há mais tempo está a Outside, mais vocacionada para turistas e viajantes, com 25 camas. E a Smart Studios deverá entrar no nosso mercado no próximo ano com um edifício em Santa Apolónia que deverá trazer para o mercado 114 camas, beneficiando e dando apoio residencial aos profissionais a trabalhar no Hub Criativo do Beato. Aliás, refira-se, neste hub vai nascer um coliving com cerca de 120 camas que se encontra na “fase final do concurso público” e que deverá estar disponível no mercado dentro de “dois anos”

Foto: Outsite

A JLL anunciou, sem adiantar nomes, que vai nascer no centro de Lisboa um mega-projecto com 300 camas e vários espaços de coworking.

Do mesmo modo, as autarquias do Porto e Cascais “estão a preparar os projectos de coliving para lançar os concurso em 2020”, sabendo-se que na Invicta está equacionado um coliving com 40 camas que vai ser desenvolvido pela mão da B-Hive Living.

Outras localizações que estão a cativar o desenvolvimento de espaços de coliving são a Costa do Alentejo e a Ericeira mas que estão “associados a determinados interesses”, como seja o surf, e são de “menor escala”.

Mas quem são estes “novos residentes”? Segundo Maris Empis são “profissionais entre os 20 e os 35 anos, com um salário acima dos 1200 euros, que vivem sozinhos ou em casal mas sem filhos, estudantes deslocalizados, nómadas digitais, expatriados e jovens empreendedores”.

Em suma, são a geração dos millennials que têm, como Patrícia Barão, Head of Residencial, salientou um novo “mindset” que “querem partilhar experiências, querem viver em comunidade, que querem mobilidade, isto é, não querem ter casa com contratos de longa duração, nem sequer querem ter carro”.

Já do lado dos investidores que estão a apostar neste novo segmento do mercado residencial, Maria Empis recorda que os “activos tradicionais estão muito concorridos”, pelo que esta nova solução de habitar apresenta “taxas de rentabilidade mais elevada”.

Foto: Smart Studios

Mas há desafios para quem investe, nomeadamente “os custos de desenvolvimento e construção, o tempo dom licenciamento e a legislação para este tipo de soluções”, diz Maria Empis. Mas isso não tem impedido dos pioneiros desenvolverem a sua actividade no nosso País, sendo que a soluções engenhosa dos advogados passado por classificar esta utilização como “prestação de serviços”, uma vez que se é “a utilização de um espaço e não é de arrendamento” e também porque no “residencial é obrigatório estacionamento e neste produto isso não é algo que se pretende”. Mas a decisão de ser habitação, hotel ou serviços fica sempre a cargo das autarquias.

Segundo o estudo da JLL/ Joyn, no ranking dos mercados de oportunidade e de oportunidade a longo-prazo Lisboa encontra-se na 27ª posição, no mesmo grupo de Barcelona, Madrid, Milão ou Liverpool, e o Porto na 39ª, ao lado de Roma, Sevilha, Valência ou Marselha.

Maria Empis remata dizendo que “o crescente fluxo de imigrantes jovens e de alta qualificação atraídos para Portugal, a par dos empreendedores locais, cria enormes oportunidades para o desenvolvimento da chamada Co-Revolution e dos espaços partilhados”. Acomodar estas novas gerações é, pois, o grande desafio dos próximos anos.

Texto Carla Celestino