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Construção entra em novo ciclo de crescimento

A AECOPS e a AICCOPN revelaram que, após 14 anos em crise, o sector da Construção em Portugal encontra-se numa nova fase de crescimento. Com início em 2017, a retoma continuou em 2018, chegou a 2019 com mais consistência e deverá apresentar no final de 2020, mais uma vez, uma evolução assaz positiva.

Em comunicado, avançam que esta conclusão teve por base os dados recolhidos junto do Instituto Nacional de Estatística (INE), Banco de Portugal, Comissão Europeia e trabalhados pela FEPICOP, o estudo “Sustentabilidade para a Construção – Balanço de 2019 – Perspectivas para 2020”, e evidencia a estimativa de um valor global de produção do sector de 13,4 mil milhões de euros em 2019, reflectindo um crescimento, em termos reais, de 6,0% face a 2018, o mais intenso dos últimos 21 anos.

Foto: James Sullivan on Unsplash

Todos os indicadores – da FBCF em construção, ao número de trabalhadores e empresas habilitadas e ao crédito concedido, passando pelo consumo de cimento, entre outros – são reveladores do bom momento que atravessa o sector nos seus vários segmentos e subsegmentos.

Assim, a produção do segmento residencial deverá ter rondado os 3,8 mil milhões de euros, após um crescimento de 12,0% face ao ano anterior. A construção nova terá sido a mais dinâmica (2,3 mil milhões de euros/+ 14%), enquanto os trabalhos de reparação/manutenção devem ter evoluído mais moderadamente (1,5 mil milhões de euros/+ 9%), o que aponta para uma estabilização no seu ritmo de crescimento, após um período de forte expansão da sua produção. De destacar o licenciamento de 24 mil novos fogos, o número mais alto dos últimos nove anos, mas ainda distante dos 114 mil fogos licenciados no início deste século, e a conclusão de 10.141 novos fogos até Setembro de 2019 (+17,2% face ao período homólogo).

No segmento dos edifícios não residenciais apurou-se um crescimento de 3,6%, com um volume de produção de cerca de 3,4 mil milhões de euros, evolução que traduz um crescimento mais acentuado do que no ano anterior. A componente privada foi a que registou o crescimento mais expressivo (+4,0%, face a +3,0% da componente pública) e o mais intenso dos últimos 12 anos, com um volume a ultrapassar os 2,1 mil milhões de euros, contra 1,3 mil milhões de euros da componente pública.

Já a engenharia civil terá aumentado 4,0%, face a 2018, com a sua produção a subir para os 6,2 mil milhões de euros, ou seja, 46% da produção total do sector em 2019. Na verdade, o comportamento do mercado das obras públicas em 2019 foi muito positivo, com crescimentos homólogos significativos, quer no número, quer no montante, tanto nas obras lançadas a concurso (3.996 novas empreitadas, no valor de 4,0 mil milhões de euros), como nos contratos de empreitadas de obras públicas celebrados (9.862 contratos, a rondarem os 2,4 mil milhões de euros). Em 2020, a Construção deverá voltar a crescer, consolidando o ciclo de crescimento iniciado em 2017, mas de forma mais moderada, em linha com o abrandamento esperado para a economia portuguesa, que irá manter uma trajectória de crescimento até 2022, mas num cenário de desaceleração.

A verificar-se a evolução prevista, +5,5%, a produção total do sector deverá ultrapassar os 14,0 mil milhões de euros, com o segmento da construção de edifícios a crescer 5,9% para os 7,6 mil milhões de euros (+9,0% para a construção residencial, com a construção nova a evoluir +9,9% e os trabalhos de manutenção/reabilitação a crescerem 7,6%, e +2,4% para a construção não residencial) e o segmento da engenharia civil a aumentar 5,0%, para os 6,5 mil milhões de euros.

Em síntese e sendo de frisar que 2020 se antevê difícil em termos económicos, particularmente marcado por diversas incertezas que marcam o enquadramento internacional, nomeadamente ao nível europeu, espera-se no entanto, que a actividade da Construção permaneça favorável, considerando a FEPICOP que existem condições para que o sector prossiga o ciclo de crescimento iniciado em 2017.

Foto: Claudio Hirschberger on Unsplash