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É necessário reforçar a criação do mercado europeu da energia

Conselho Europeu que esteve reunido em Bruxelas, a 21 e 22 de Outubro, teve como principal assunto os combustíveis, disse o Primeiro-Ministro António Costa no final da reunião de Chefes de Estado ou de Governo da União Europeia.

O Primeiro-Ministro referiu que “a Comissão Europeia tinha já publicado medidas de curto prazo que os Estados-membros podiam adoptar – o Ministro de Estado e das Finanças anunciou as que vigorarão em Portugal –, mas o debate centrou-se nas medidas estruturais e de médio prazo devem ser tomadas pela Comissão Europeia.”

Assim, o Conselho convidou a Comissão a estudar dois assuntos: “Se há vantagem em reproduzir, nos combustíveis, o mecanismo de compra conjunta que tão bons resultados deu nas vacinas”; “se se mantém válida a ideia de que o actual processo de formação do preço, pagando a todos pelo preço mais elevado que é pago a cada fornecedor, se deve manter ou se chegou a altura de altera esta regra, para que o custo das energias renováveis não seja penalizado pelo sobrecusto que hoje têm os combustíveis fósseis.”

Houve também “uma afirmação muito clara sobre a necessidade e de acelerar o processo de transição energética e de valorizar as energias renováveis. Como podemos constatar pelo exemplo português quanto à electricidade, o já termos 60% da energia que consumimos com fonte renovável, permitir-nos-á, no próximo ano, que a electricidade para as famílias tenha uma redução superior a 3%, que a taxa de ligação à rede paga pela indústria tenha uma redução superior a 90% e que, não fossem outros custos associados asseguraria também uma redução do preço para a indústria.”

“Isto mostra bem que o que está a afectar a subida exponencial dos preços, nada tem a ver com a transição energética, pelo contrário, recomenda que a aceleremos”, sublinhou o Primeiro-Ministro.

O Conselho viu “que é necessário reforçar a criação do mercado europeu da energia, para reduzirmos os preços do conjunto, o que é particularmente para Portugal, ou para Espanha, onde a taxa de interconexão ao mercado europeu é diminuta e onde há piores condições para contribuir para o alargamento do mercado e para fazer baixar o custo da energia, tendo sido reafirmada a necessidade de aumentar as interconexões na Europa.”

Foi igualmente discutida a necessidade de a Europa diversificar “as fontes de abastecimento de energia. 41% do gás natural consumido na Europa é fornecido por um único país, a Rússia, e é importante diversificar as suas fontes de abastecimento, pois embora não seja uma energia limpa vai ser, ainda nos próximos anos, uma energia de transição.”

Assim, o Conselho fez “um apelo à Comissão para desenvolver contactos para incrementar as relações comerciais com outros fornecedores, onde a possibilidade de utilização do porto de Sines para maior abastecimento do gás natural liquefeito de origem africana ou americana, é um contributo para a diversificação das fontes de fornecimento e, portanto, da segurança energética da Europa.”

Foi sublinhada ainda “a importância de acelerar, no âmbito dos Planos de Recuperação e Resiliência e dos projectos de interesse comum, tudo o que está associado ao hidrogénio verde, que pode beneficiar de infra-estruturas já existentes e que é um gás renovável, limpo e que pode contribuir para diminuir a dependência da União Europeia do gás natural.”

Na mesa de discussão do Conselho Europeu esteve também a política comercial, tendo saído “uma mensagem muito clara de que a ideia da autonomia estratégica da Europa não significa isolamento nem proteccionismo, mas exige uma Europa aberta, com uma política comercial activa, visto que ser uma das três maiores economias mundiais é mesmo a grande força e a melhor arma que a Europa neste mundo global.”

António Costa referiu que foi sublinhada, mais uma vez, a essencialidade de acelerar e concluir os acordos comerciais em negociação: com a Índia, “que durante a nossa presidência da UE foi descongelado”; com a Nova Zelândia e a Austrália; com o México; com o Chile; e com o Mercosul, “que será o maior acordo comercial assinado pela União Europeia” a apresentando o documento sobre a desflorestação e o combate às alterações climáticas que os países sul-americanos estão prontos para assinar.

O Conselho ainda dedicou atenção ao tema das migrações, “desta vez centrado na vertente externa da política de migrações, ou seja, a necessidade de executar os planos de acção previstos com países de transito ou de origem, da vizinhança africana ou de leste, que são parceiros fundamentais na regulação de fluxos migratórios”, porque a melhor forma de termos a migração regulada é trabalhar com os países de origem e de trânsito.”

DR Foto: Guillaume Périgois on Unsplash